Produtor rural cai em golpe e perde R$ 22 mil em negociação de gado em Santa Maria

Colaborou: Gilberto Ferreira

Um produtor rural de 57 anos, morador de Jari, foi vítima de um golpe de estelionato e perdeu R$ 22 mil durante a negociação de cabeças de gado em Santa Maria. O caso ocorreu na manhã de sexta-feira (21) após um anúncio da venda dos animais ser postado na internet. Mas era uma publicação falsa. O golpista havia pego fotos de um anúncio verdadeiro de venda de gado e publicava uma publicidade falsa para atrair vítimas.


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Sem saber que era um golpe, o produtor rural viu o anúncio falso nas redes sociais, que oferecia vacas à venda. Ele entrou em contato com o suposto vendedor, que disse estar no Paraná, mas informou que, caso houvesse interesse, o comprador poderia ir olhar o gado que estava sob os cuidados de seu cunhado em Santa Maria.


Interessado nos animais, a vítima voltou a fazer contato com o golpista, combinando dia e hora para carregar os animais e efetuar o pagamento.


O golpista, então, entrou em contato com o verdadeiro dono do gado, que tinha feito o anúncio real, dizendo que devia dinheiro para a vítima e que ela iria pagar com o gado, instruindo que os animais só fossem entregues após o recebimento do pagamento, que ele iria repassar ao dono dos animais.


No dia combinado, a vítima e o verdadeiro dono, sem saber que estavam envolvidos em um golpe, combinaram a entrega e o pagamento dos animais. O dono do gado, pensando que venderia os animais para o falso negociador que os utilizaria para pagar a dívida, aguardou a confirmação do pagamento, que não ocorreu. Nesse intervalo de tempo, a vítima, acreditando que estava pagando ao verdadeiro dono, efetuou a transferência via Pix de R$ 22 mil.


Após o pagamento, o golpista apagou as mensagens e bloqueou os contatos do verdadeiro vendedor e da vítima, que acreditava estar negociando com o real dono dos animais.


Ao perceber o golpe, a vítima registrou ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), e o caso será investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Santa Maria.


Como o Golpe é Praticado

O esquema começava a se desenrolar quando um comprador demonstrava interesse no gado anunciado. O golpista então entrava em contato com o verdadeiro vendedor, afirmando que compraria o gado dele e o revenderia a um terceiro (a vítima). O golpista conseguia, dessa forma, enganar tanto o comprador quanto o vendedor, usando seu poder de convencimento para garantir que ambos não se comunicassem diretamente.


Para o vendedor, o golpista se apresentava como um intermediário e o instruía a se identificar ao comprador como um parente apenas cuidando do gado. Ele insistia que não revelasse o valor real da venda, justificando que o gado seria repassado como pagamento de uma dívida ou relacionado a um valor de pastagem. Alegava que precisava cobrar mais caro devido a essas supostas dívidas. Para fortalecer a mentira, o golpista afirmava repetidamente que o gado era dele e que o "cunhado" apenas cuidava dos animais, pedindo para nunca revelar o valor real ao "parente" para não magoá-lo, pois este era uma pessoa que o ajudava muito.


Já ao comprador, o golpista fazia um teatro, dizendo que o "parente" desejava adquirir o gado e pagar em parcelas, e que para evitar conflitos familiares, pedia que o comprador mentisse ao vendedor, afirmando que estava recebendo o gado como quitação de uma dívida a um valor maior. O golpista usava diversas justificativas emocionais, como evitar magoar o suposto parente e manter a boa relação familiar, para garantir que comprador e vendedor não falassem sobre valores e detalhes um com o outro.


A trama se intensificava quando o golpista dizia ao comprador que cuidaria do frete e solicitava ao vendedor que arranjasse um freteiro. O comprador, suspeitando da situação, concordava em pagar apenas ao receber a Guia de Transporte de Animais (GTA) e a nota fiscal. O golpista, ciente dessa exigência, pedia ao vendedor a GTA antes de enviar o pagamento.


De posse da GTA, o golpista a enviava ao comprador, o que validava a transação aos olhos da vítima. Convencido da legitimidade do negócio, o comprador realizava o pagamento via Pix. Imediatamente após receber o valor, o golpista excluía os anúncios falsos e apagava todas as conversas no WhatsApp, deixando tanto o vendedor quanto o comprador sem comunicação.


Quando o vendedor percebia que o pagamento não havia sido efetuado e o comprador notava que o frete não chegava, ambos tentavam se comunicar e finalmente entendiam que haviam caído em um golpe elaborado.


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